#Crônica: Nacional Vs Internacional




Quem nasceu nos anos 80 e viveu ativamente no contexto musical evangélico brasileiro com certeza já se incomodou ao menos um pouco com a "invasão gringa" das canções na igreja. Certamente porque conhecem letras, harmonias e melodias requintadas como as de Janires, João Alexandre, Paulo Cezar com o grupo Logos entre outros verdadeiros pioneiros na experimentação musical em música Cristã.
Recentemente assisti um trecho da entrevista com os cantores principais da banda americana Jesus Culture onde o cantor Chris Quilala falava sobre os brasileiros dizendo: "A atmosfera do Brasil vai mudar quando os músicos brasileiros começarem a fazer suas próprias músicas".(parafraseando).
Achei muito interessante dizer isso pois infelizmente uma grande maioria dos cantores evangélicos de influência no país gravam seus discos com mais de 60% de material traduzido de canções estrangeiras que ironicamente em sua maioria são de autores envolvidos na Bethel Church que é a igreja
da banda Jesus Culture. Tendo dito isso, o que me vêm à mente é que o Chris Quilala fez foi praticamente um apelo "parem de regravar nossas músicas!!" Mas para não ser radical nas minhas ideias (radicalismo geralmente não é muito sábio) tudo bem regravar alguma coisa por achar interessante ou por haver um contexto para que tal seja gravada, mas o que têm acontecido é o seguinte: Ouvi aquela música lá no Youtube e vi que tem bastante views e entrou em algum trend topic, então penso "quero uma fatia desse bolo também", daí gravo e pago pelos direitos autorais, se deu certo eu repito o processo de novo e de novo. Isso também é radicalismo e um verdadeiro assassinato da nossa identidade musical o que por tabela acaba também por promover um desligamento de nosso contexto cultural e social e se desdobrar em muitos outros problemas.

Sou entusiasta da "brasilidade" mas sem deixar passar também os conceitos pertinentes da música internacional. Ouço desde música brasileira de raiz até musica Oriental (Isso mesmo, amo como as palavras soam em japonês) e tento agregar elementos que julgo interessantes na minha musicalidade que acaba por virar uma salada variada, ao invés de apenas copiar o que já conheço tento transformar isso com minha própria "aura musical". Como dizia Antoine Lavoisier, "Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Acredito que seja mais válido para nós resgatar coisas que deixamos para trás
que traduzem muito mais a realidade que estamos vivendo do que apenas reproduzir poesias que não contam nossa história, que não falam de nós, existem artistas que sempre se saíram muito bem entre versões e músicas próprias como Adhemar de Campos, Asaph Borba e Massao Suguihara que provam que é uma escolha acertada ter equilíbrio e diversidade musical (não confunda com estilo). É justo que cada artista cante e toque o que tem vontade, mas a música como comunicação social, também demanda responsabilidades e se não atuamos diretamente no no subconsciente coletivo tupiniquim, então vamos acabar nós mesmos virando os "gringos". #SóPraLerePensar

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